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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

[CONTEÚDO SENSÍVEL] | Conheça o menino interrompido: Evan Scott Perry

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O caso que eu gostaria de apresentar é de um menino que parece que nasceu para se matar: Evan Perry.







Ele desde muito pequeno, apresentou sinais de comportamento questionáveis, entre eles, comportamento repetitivo e metódico, alta sensibilidade e irritabilidade, por vezes era muito violento, tinha uma obsessão por organização e um humor muito volátil. Começou a fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico aos 5 anos e seu diagnóstico foi de bipolaridade depressiva.

Desde a mais tenra idade, o Evan tinha altas tendências suicidas. Constantemente relatava a mãe o seu desejo pela morte (esse sendo um assunto que ele tocava muito!), detalhava constantemente como pretendia se matar - era recorrente ele "brincar" com uma simulação de que ele se jogaria da janela e até chegou a falar pra mãe que prenderia uma corda em determinado ponto do teto, que amarraria em seu pescoço e ficaria pendurado (a mãe tirou fotos e mostrou para o terapeuta a que nível o menino tinha chego). Teve um episódio, que marcou a todos e foi o ponto decisivo para a família dele procurar um tratamento mais intensivo, que o Evan foi para o topo do colégio dele e disse que se jogaria de lá. Atraiu a atenção de todos da escola e a professora, chocada pelo fato dele ter conseguido chegar até lá, conseguiu convencê-lo de descer e se acalmar. Isso criou, inclusive, um estigma para Evan e seus colegas de classe, ele ficou conhecido como "o menino que subiu no terraço da escola".



Desde muito novinho, fazia tratamento com remédios e chegou até a ir para um "acampamento de férias" para crianças depressivas. Lá, ele teve contato com outras crianças e desenvolveu algumas formas de tratamento e era bastante ativo. Na escola, era popular, criativo; assim como seus pais, produtores de cinema, tinha vocação para criar roteiros, esquetes e filmagens - sempre ficava por dentro das produções teatrais de seu colégio e o tema principal de suas peças era, é claro, a morte.

Depois desse seu período de férias, o Evan chegou a ter uma espécie de determinada estabilidade emocional e passaram alguns anos, tanto ele provavelmente quanto sua família, crente que estava tudo bem. Como eu já disse, ele fazia acompanhamento profissional desde muito pequeno e consequentemente, fazia uso de antidepressivos. O LÍTIO era um deles. Mas como ele havia tido um relativo avanço, decidiu que talvez fosse a hora dele parar com os remédios (ou ao menos dar uma pausa). Com acordo com seu médico, ele parou fez uma pausa experimental com eles. E como se esperava, o quadro depressivo e violento do Evan voltou. Decidiram marcar com a psiquiatra para debater como e quais remédios ele teria como tratamento.

Aos 15 anos, ele comete suicídio.



Durante a janta, a mãe dele perguntou-lhe se ele já havia feito a tarefa de casa e ele, como todo adolescente, irritou-se com a pergunta e a partir daí, a mãe e o filho começaram uma pesada discussão. Terminando a discussão, ele subiu as escadas, virou para a mãe e falou que a odiava. Todos da família ficaram tensos com a situação. E algum momento depois, antes de dormir, o pai do Evan foi no quarto conversar com ele. Ao chegar lá, encontra o filho só de cueca, com uma feição calma, tranquila e plena deitado na cama, digitando. "Quer conversar?", o pai pergunta. E o filho responde que "não, que estava tudo bem". Ele estava em fim, fazendo a atividade. O pai, tranquilo com isso, voltou para o seu quarto, onde estava lendo com o filho caçula.

E então, eles ouvem um estrondo.

Estranharam o barulho. Parecia um trovão (mas não estava chovendo). A casa estava quieta. E então, veio a epifania. Correram para o quarto do Evan e viram a janela aberta. E o aposento, vazio.
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Seus pais produziram um documentário sobre como eles tentaram saber o que levou ao filho, assim como o irmão do pai dele, ter se matado. Mostram toda a trajetória da família em busca do melhor tratamento. E relatam o quão doloroso foi toda essa situação; existiria algum culpado? Questionam-se: será que a família não foi capaz de fazer o filho feliz?

"Achei extremamente corajoso da parte dos pais exporem isso e relatarem o que passava, pois isso pode ser útil para muitos pais que precisam de ajuda. E o documentário também nos mostra o terapeuta que cuidou de Evan, falando uma coisa que nós deixamos passar despercebida no nosso dia a dia:

'É isso que me irrita nas representações de doenças mentais na TV e no cinema: são pessoas iradas, loucas, espumando… Não são pessoas sentadas normalmente, digitando de forma muito consciente esta coisa horrível metodicamente, já sabendo o que iria fazer. Isso sim é loucura.'

Essa frase ele disse quando os pais levaram a carta de suicídio de Evan, pois foi exatamente isso que Evan fez antes de pular do prédio para morrer."

Quando chamaram a polícia e a equipe médica para conseguirem organizar o que tinha acontecido, o pai do Evan chamou também seu filho mais velho para cuidar da esposa e do filho caçula. Os policiais chegaram com o irmão mais velho no quarto, em busca de alguma carta ou bilhete que o Evan talvez tivesse deixado.

Obviamente, a tarefa de casa que o menino estava fazendo momentos antes, era a nota suicida*.
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O que vocês refletiram sobre? Eu assisti ao documentário (https://www.youtube.com/watch?v=Vip0iNXw_5w) e uma coisa que eu notei é que em nenhum momento perguntaram do Evan o porquê, o porquê dele querer morrer... Eu acho que poderia ter sido pertinente isso.
*Na foto, há a tradução.




"Motivos para morrer:


1. Medo de falhar.

2. Falta de confiança nos amigos.
3. Esforça-se tanto pra quê?
4. Nunca me encaixar.
5. Ter noção de todas as coisas ruins sobre mim são verdade; sou preguiçoso, fracassado, sou feio, não tenho talentos e sou burro.
6. Qual é a necessidade?

Motivos para viver:

1. A possibilidade de ser bom em algo.
2. Amor das pessoas em quem eu confio.
3. O futuro.
4. Encontrar amigos de verdade.
5. [Minha morte] Traria tristeza para a minha família.
6. A sensação da melhora depois.

Então, 6 motivos para viver e seis motivos para morrer.

Coisas que eu quero:

[Nome da escola] não saibam o porquê e nem como eu morri.*

Ser esquecido.

Apenas que minha família vá ao funeral.**

Que a morte seja indolor.

E finalmente: que todos superem e saibam que eu sinto muito, mas isso é o melhor.

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*: Lembram da ocasião dele indo para cima da escola? Então, provavelmente ele sentia muita vergonha disso.

**: a família não respeitou exatamente isso. Fizeram um documentário sobre e o funeral contou com a presença de todos os amigos, que afirmavam que o Evan era muito amado por eles e que eles sentiam que essa declaração (item 2. do motivos para morrer) não era sincero da parte do Evan.

Como o irmão dele disso: esses sentimentos de "inutilidade" são comuns para todo menino de 15 anos. Mas o Evan sentia tudo isso 20x mais.

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