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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Resenha | Lute como uma garota

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Estranho.

Enquanto crescemos com vários homens divulgando suas conquistas e sendo exaltados que abrimos nossa boca em um grande O quando sabemos a ideia inicial do Wifi foi idealizado por uma mulher (Hedy Lamarr, essa mesma mulher que fez a primeira cena de uma mulher tendo orgasmo nas grandes telas do cinema), ou que Zumbi dos Palmares teve uma companheira muitíssima ativa na luta contra a escravidão (seu nome é Dandara, que teve um fim trágico igual a de Bertoleza, de O Cortiço) ou que a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel foi uma mulher (Marie Currie). Mas é quase intrínseco sabermos que homens têm o passe livre para serem geniais de forma gratuita e descrença de vossas capacidades; a genialidade de um homem é comum, mas admitir a astúcia de uma mulher soa como uma surpresa. Por isso, fez-se necessário criar livros que listem algumas das várias incríveis mulheres com suas majestosas conquistas...



Então, partindo desse ponto – conhecer mulheres sensacionais, que é uma necessidade –, vamos conversar sobre o Lute como uma garota, escrito por Laura Barcello, traduzido pela Cultrix. Que tem como objetivo expor as ideias, os incontáveis méritos e divulgar a conquistas de muitas mulheres.
O livro é composto pelo perfil de 45 mulheres que marcaram a história da luta pelo direitos civis das mulheres e sua preocupação com o nosso acesso à educação e saúde de qualidade, além de buscarem a valorização do nosso prestígio intelectual pelo mundo a fora – são citadas mulheres estadunidenses, europeias, asiáticas e algumas de Arábia. A obra também conta com a inserção de mais 15 personalidades brasileiras que, pesquisadas pela Fernanda Lopes, lutaram pelos nossos direitos e marcaram nossa história de forma consagrável, ainda mais no modo como nós, mulheres, somos lidas na nossa terra da Brasa Vermelha.

Lute como uma garota segue uma relativa linha histórica ao explorara trajetória das figuras feministas desde o século XVIII até às personalidades atuais. Podemos fazer, também, uma relação das mulheres citadas com as ondas feministas (que cada época teve seu ideal) e os objetivos idealizados e conquistados em cada período histórico. Seguindo isso, vemos também que muitas lutas enfrentadas nos séculos passados seguem em paralelo com o que muitas militantes atuais batem de frente hoje em dia. Por exemplo, enquanto Sojourner Truth lutou pela luta abolicionista estadunidense no século XIX, Shirley Chisholm, Maya Angelou e Angela Davis combatem o racismo e lutam pelo direito das pessoas negras na nossa época “contemporânea”. Também foram abordadas grandes escritoras e mulheres envolvidas no mercado editorial e literário – cada uma enfrentando um empecilho ideológico à sua época; foram algumas delas: Mary Wollstonecraft, Judy Blame, Clarice Lispector e Adalzira Bittencourt.

Meu esposo folhou algumas páginas e falou: como eu não conhecia essas mulheres? E aí está o ponto principal da necessidade de termos estes livros em mãos e divulgar cada história e relato, a representatividade importa e inspira.

Algumas das histórias – sem muitos detalhes – que me deixaram com o coração quentinho com as batalhas enfrentadas de cada uma (elas todas foram citadas no livro).

•    Anita Hill: ela foi a mulher que deu o pontapé inicial para a luta contra o assédio sexual. Anita teve a coragem de denunciar dois anos de assédio sexual contra Clarence Thomas, homem indicado por George Bush a integrar a Suprema Corte dos EUA; ela sofria os afrontes enquanto trabalhou com ele enquanto secretária. Infelizmente, ela não teve êxito – afinal, uma voz de uma mulher contra a de um homem, ainda não nos Estados Unidos das décadas de 1980 e 1990 não havia muita força -, mas ela conseguiu abrir portas para uma nova luta feminista.

•    Oprah: além de ser a ser suprema de nossos corações e ser a musa do Josh, ela é uma mulher independente, negra e bilionária. Tem uma história de vida de muita luta, mas também de resiliência. Eu amo uma mulher.

•    Jane Goodwall: ela é pesquisadora e ativista ecológica, busca incansavelmente pelo direito dos animais – principalmente os orangotangos, seus queridinhos. Ela conseguiu fazer Mestrado sem ter graduação – e eu achei isso fabuloso;

•    Leslie Feinberg: ela é um ano mais velha que eu e fez o que sempre sonhei: ter um blog de moda; Leslie via a moda não como um meio opressor das mulheres, e conseguia fazer a ponte entre o empoderamento e os ideias fashion;

•    Sally Ride: mulher astronauta. Preciso falar mais? Ok: terceira mulher a ir ao espaço.

•    Leila Diniz: atriz brasileira que quebrou muitos padrões a usar a roupa que queria – sem precisar vender o corpo para conseguir essa liberdade; falava abertamente sobre liberdade, sexo e prazer. Grávida, fez uma sessão de fotos com biquíni, amamentando, fez outra sessão de fotos. Infelizmente morreu de forma prematura em um terrível acidente, mas ela marcou muito nossa história

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