Tá, o de Março não saiu a tempo.
Mas o finalzinho de abril chegou e ele puxou março junto, então teremos DEZ indicações maravilhosas escritas
por mulheres para o nosso #LeiaMulheres do mês. Caso você não saiba o que é
essa nossa postagem mensal, calma, eu te explico: essa campanha existe há
alguns anos e tem o intuito de divulgar o trabalho de autoras mulheres ao redor
do mundo. Vamos às indicações:
1 – “Quase fim”, da Leila Plácido
Ano de publicação: 2016
Do que se trata: Baita
livro amazonense que nos mostra uma Manaus apocalíptica nas páginas do diário da
menina Zoé, a única sobrevivente de sua família que fugia dos bombardeios que
estavam ocorrendo recorrentemente pelo mundo. A cada página, Zoé reflete sobre
a vida, além de fazer um retrospecto do que um dia foi a sua rotina com a
melhor amiga, seus animais de estimação, seus pais e uma paixão. Refletimos
sobre nossas atitudes, nossa compostura e choramos com o enredo desse livro
forte.
2 – “Yaqui Delgado quer quebrar
a sua cara”, de Meg Medina
Ano de publicação: 2015
Do que se trata: Bullying, violência doméstica, maternidade
solo são os temas bastante pesados discutidos dentro do livro. Piedade, chamada
pelo apelido carinhoso de Pid, é filha de imigrantes latinos e não tem lá
tantas características de uma descendente de latinos deveria ter; a não ser o
seu rebolado que aprendeu a adotar recentemente. E isso lhe traz problemas: é
novata na escola e acaba chamando a atenção do namorado da Yaqui Delgado.
Andando nos corredores Pid é avisada: é para tomar cuidado, parar de rebolar a
bunda por aí, pois a Yaqui quer quebrar a cara dela. É um livro fino, porém
pesadíssimo. Uma das leituras marcantes do ano passado. A autora, Meg Medina, é
descendente de latinos, então ela conhece direitinho todo esse cenário do
preconceito nos EUA e tem propriedade para criar a narração da história.
3 – “Nimona”, da Noelle
Stevenson
Ano de publicação: 2016
Do que se trata: esse livro
aqui é uma excelente, divertida e super bem feita graphic novel criada pela Noelle Stevenson (artista que já
trabalhou nas produções de Hora de Aventura!); a nossa história circunda o novo
trabalho da Nimona, que é ser a ajudante do grande super vilão da história.
Ela, a maior anti-heroína ever que matar tudo e a todos, quer sangue, vísceras
e o terror nas ruas. Mas o Lorde Ballister não segue muito esse forró não. Ele
é vilão, mas só de título, seus planos sempre dão errado e ele não quer ferir
TANTAS pessoas assim. A história carrega uma profundidade dessa visão
maniqueísta que rege o mundo e vemos como tudo consegue pode ser definido por
nossas escolhas e que postura decidimos adotar sobre determinadas
circunstâncias que a nossa vida mostra. Discute nossa visão sobre o sistema,
como a diferença é lidada e discutida. Além dessas mensagens lindas, o livro é
muito, muito engraçado. Dá para ler em um dia fácil, fácil.
4 – “Amor Amargo”, da Jeniffer
Brown
Ano de publicação: 2015
Do que se trata: Foi uma
leitura que me machucou muito, muito, muito... é um livro pesado, cada página
era um tapa na cara que você lê, para e se pergunta: como ela, a protagonista,
conseguiu entrar nessa dimensão? E o pior: como a situação, de relacionamento
abusivo, pode ser tão real e acontecer no nosso dia-a-dia? Essas reflexões e
outras mais são feitas de acordo com a leitura do livro da senhora Brown.
Conhecemos uma moça com muito potencial, mas que aos poucos, vai sendo
fragmentada por um ser descontrolado, louco e agressor. Sofremos, choramos (eu
passei semanas mal depois de ler esse livro) e acordamos para uma realidade que
nunca deveria ter existido.
5 – “Só as Mulheres Sangram”,
da Lia Vieira
Ano de publicação: 2011
Do que se trata: São vários
contos sobre várias perspectivas das pessoas negras sobre o mundo,
principalmente as mulheres. São vários assuntos abordados nas 88 páginas do
livro, desde pedofilia, do amor entre pessoas de meia idade bem-sucedidas, furtos,
sonhos e medos. É uma leitura rápida e agradável.
6 – “A Música que mudou a minha
vida”, da Robin Benway
Ano de publicação: 2009
Do que se trata: Que eu sou
fanzoca de livros adolescentes, isso não é segredo. E esse livro é como se a
história de uma comédia romântica tivesse saído de lá da Sessão da Tarde para as
páginas do livro. A história é o seguinte: a Audrey namorava um boy e eles
acabaram terminando; o boy ficou muito magoado e escreveu uma música sobre seus
sentimentos para a banda dele. Sabe o que acontece? A música se torna extremamente
popular por TODO O PAÍS. A Audrey que nem contato mais tinha com esse ex, passa
a ser incrivelmente popular por todos os cantos, lançando até mesmo várias tendências,
com direito a ser perseguida por paparazzis. O livro conta toda essa trajetória
e tem um humor incrível.
7 – “A Cidade Murada”, Ryan
Graudin
Ano de publicação:
Do que se trata: A Cidade Murada é um livro denso, espinhoso e
dolorido. Dividido em três pontos de vista, as narrações percorrem três
diferentes planos no mesmo mundo; a escrita conseguiu felizmente moldar cada
personalidade em cada visão e o livro consegue te aprisionar, tão bem quanto os
três protagonistas estão presos na Cidade Murada. O plot é inteligente, bem
estruturado, mas não há nenhum twist que te faça ficar boquiaberto. Único
detalhe que deixou a desejar foi o final, pois ele foi otimista demais em um
prazo de tempo tão curto quanto a proposta.
8 – “Os Bons Segredos”, da
Sarah Dessen
Ano de publicação:
Do que se trata: Simplesmente maravilhoso! Claramente sou suspeita
para falar sobre esta leitura, afinal, é a temática e é o meu estilo de leitura
predileto. Comecei a leitura ciente de que não era para criar altas
expectativas, já que evito decepções (pelo menos as literárias). Com isso,
deparei-me com uma narrativa e um enredo que há tempos não encontrava. Ainda
mais, fazia tempos em que eu não ficava vidrada numa leitura tão amigável. A
história é mais uma sobre uma moça que se sente deslocada da família, mas que
acabou a encaixando no bagunçado quebra-cabeças da família de sua nova melhor
amiga. Capítulos ágeis, narrativa simples e cativantes e um personagem mais
apaixonante que o outro... Minha única crítica vai para a revisão do livro - ou
a digitação? -, li algumas frases com palavras trocadas e coisas do tipo.
9 – “Eleanor & Park”, da
Rainbow Rowell
Ano de publicação: 2014
Do que se trata: A Eleanor é
a menina gorda, ruiva, solitária e pobre da escola – alvo em cheio para chacota
e perseguição. O Park é o menino asiático, com pinta de gótico e prefere um
milhão de vezes ficar na dela ouvindo música a ter que interagir com a galera “hurr
durr” da escola. Nas voltas às aulas, a Eleanor acaba tendo que sentar ao lado
do Park no ônibus, já que ele foi o único de todo o transporte que não demonstrou
nojo ao ver a menina passando. A partir desse momento, a vida dos dois muda
completamente. Esse livro de quase 330 páginas não fala “apenas” do amor jovem,
mas sobre descobertas, aceitação e a coragem de ser quem você é e lutar contra
a tudo e a todos que são contra você.
10 – “Quarto de despejo –
Diário de uma favelada”, da Carolina Maria de Jesus
Ano de publicação: 1960
Do que se trata: Por meio das
páginas de seu diário, a personagem Carolina Maria de Jesus escreve sua rotina
monótona, porém angustiante de mãe solo, pobre, negra e favelada no Rio de
Janeiro da década de 1950. Nas páginas dos livros, vemos a divagação da narradora-personagem
e vemos como ela vê o seu mundo, ora tão caótico, mas tão seu. Aqui, ela luta
pelo alimento diário de seus filhos, luta por seu espaço, luta para não ser
julgada pela sua condição e corre atrás do que é seu por direito, mas negado
por quem tem tudo. As páginas te tocam e te fazem refletir como aquela
realidade, de meio século atrás, ainda pode ser tão viva e torturante nos dias
de hoje.
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